União entre entidades de Enfermagem é ferramenta contra precarização

Mesa-redonda debateu precarização do trabalho em tempos de crise

09.11.2017

Primeiro o desgaste, seguido pelo adoecimento e logo depois a licença médica. Essa tem sido a trajetória da saúde de muitos profissionais de Enfermagem no Brasil, segundo relatado pela pesquisadora Maria Helena Machado, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), durante a mesa redonda “Precarização do Trabalho da Enfermagem em Tempos de Crise”, realizada na manhã de hoje (9/11), durante a 20ª edição do CBCENF.

Além de Maria Helena, a pesquisadora Alessandra Ferreira, abordou o tema exemplificando com dados de Vitória (ES), que podem ser usados para retratar a precarização das relações de trabalho e consequências para o trabalhador na saúde em todo o País.

70% dos profissionais de enfermagem nos serviços são técnicos de enfermagem, sobrecarregando os enfermeiros

Para Maria Helena Machado, a precarização do trabalho na área da enfermagem tem início logo na forma de contratação, seja ela informal ou múltipla. “A médio prazo a mão de obra passa por um processo de adoecimento pela sobrecarga e redução de profissionais que tiram férias regulares, sendo totalmente desgastante e deletério”, afirmou. Outro fator apontado como desafiador é o fato de 70% dos profissionais de enfermagem nos serviços serem técnicos de enfermagem, sobrecarregando os enfermeiros e gerando alto nível de estresse nos técnicos e auxiliares.

Segundo Alessandra Murari, somado ao cenário de contratações problemáticas, falta a mensurar os trabalhos exercidos e os resultados através de processos e sistematização da assistência de enfermagem. “O trabalho da Enfermagem é um trabalho vivo – é criado e consumido ao mesmo tempo, e além disso, reflete naqueles que recebem cuidados e nos cuidadores”, enfatizou Murari.

O adoecimento é resultado óbvio diante da “espoliação”. Dentro de sua pesquisa “De que adoecem os profissionais de saúde de Vitória”, num recorte de 2010 a 2015, a trinca de doenças mais comuns são ortomolecular, respiração e de comportamento. “Nesse período, tivemos 8 casos de suicídios no Estado”, destacou.

Diante desse cenário, as pesquisadoras acreditam que o alinhamento de pensamento e ações das entidades é que poderá levar a mudanças positivas para a saúde dos profissionais e para pacientes.

Para a pesquisadora da Fiocruz, os trabalhadores de Enfermagem são unidos quando é proposto algo pontual. Falta, porém, tempo para refletir sobre sua responsabilidade social e lutas sindicais. “Quando ocorre essa aglutinação de pensamento é possível perceber o resultado, como por exemplo, o que ocorre no CBCENF, onde milhares de profissionais de Enfermagem estão sendo impulsionados a refletir sobre o mesmo tema e caminhar juntos”, finalizou Maria Helena.

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