Vitamina D: substância essencial contra a osteoporose

Pesquisa mostra que baixos níveis de vitamina D reduzem resposta aos tratamentos da osteoporose. Uma em cada três mulheres tem a doença, que é silenciosa e agressiva

25.07.2011

Pesquisa mostra que baixos níveis de vitamina D reduzem resposta aos tratamentos da osteoporose. Uma em cada três mulheres tem a doença, que é silenciosa e agressiva


Não é de hoje que médicos afirmam que a alimentação é fundamental no tratamento da maioria das doenças. A ingestão de determinados nutrientes pode fazer toda a diferença no combate a enfermidades que atingem milhões de pessoas no mundo todo. Recentemente, uma pesquisa desenvolvida por estudiosos do Hospital for Special Surgery de Nova York concluiu que baixos níveis de vitamina D – ou calciferol – no sangue estão relacionados à diminuição da resposta de pacientes no tratamento da osteoporose.


Silenciosa e agressiva, a doença atinge uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens acima dos 50 anos. A doença afeta cerca de 75 milhões de pessoas na Europa, no Japão e nos Estados Unidos, e no Brasil já são mais de10 milhões de pacientes. A população de idosos é a que mais cresce no planeta e a que mais sofre com o mal, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).


De acordo com o estudo norte-americano, divulgado na 93ª reunião anual da Sociedade de Endocrinologia, em Boston, em junho, mulheres com baixa densidade óssea são sete vezes mais suscetíveis a se beneficiar da medicação utilizada para tratar a doença quando os níveis de vitamina D estão acima das recomendações do Institute of Medicine (IOM).


Em novembro, o IOM publicou recomendações atualizadas da ingestão de suplementos de vitamina D e cálcio. O relatório propõe um consumo diário de 600 unidades internacionais (UI) da vitamina para a maioria dos adultos saudáveis. Segundo a instituição, essa quantidade associada à ingestão adequada de cálcio é suficiente para atingir o nível ideal de vitamina D no sangue, que é de 20 nanogramas por mililitro (ng/ml).


Renovação


A pesquisa do Hospital for Special Surgery tratou 160 mulheres depois da menopausa que sofriam de osteoporose. A taxa de pacientes com nível de vitamina D no sangue correspondente ao indicado pela IOM – que não responderam à medicação – foi de 77,8%. Essa porcentagem passou para 42,3% quando a concentração da vitamina era de 30 a 40ng/ml e para 24,6% quando o nível estava acima de 40ng/ml.


A vitamina D é reconhecida como um nutriente fundamental para a saúde dos 206 ossos que sustentam o corpo e protegem os órgãos vitais. A osteoporose ataca justamente os protetores, tornando-os frágeis e mais propensos a fraturas. Na composição básica do osso humano está o cálcio, elemento para o qual o calciferol exerce uma importante função. Ao ingerir alimentos que são fontes de cálcio, o organismo humano absorve o nutriente no intestino delgado, onde ocorre o aproveitamento de cerca de 30% do cálcio consumido. Em circulação no corpo, a vitamina D age nessa absorção, que chega a 80%. A homeostase do cálcio é a principal função da vitamina D no organismo, o que explica sua íntima relação com a saúde dos ossos e a osteoporose.


Ao longo da vida do indivíduo, os ossos estão em contínua renovação, em que as partes velhas são reabsorvidas por células denominadas osteoclastos, que retiram o osso velho enquanto o novo é formado por células chamadas osteoblastos. Esse processo acontece normalmente por anos e a resistência óssea é sempre mantida pelo equilíbrio da atividade das duas células, quando a substituição é completa.


Em um indivíduo que sofre de osteoporose, os osteoclastos trabalham mais que os osteoblastos, fazendo com que muito osso seja retirado e pouco seja formado, acarretando a perda de densidade mineral óssea. O esqueleto fica mais frágil e menos resistente com ossos porosos e susceptíveis a fraturas. Como a osteoporose é muito comum em idosos, quedas e acidentes são muito mais perigosos para indivíduos em idade avançada.


Embora a ingestão de vitamina D seja fundamental para o tratamento de quem sofre de osteoporose, a nutricionista Joana Lucyk alerta para a importância de uma dieta equilibrada com outros nutrientes. “Nem só de vitamina D e cálcio é feito o osso. Existem muitos nutrientes que auxiliam a entrada do cálcio nos ossos, como o silício, o magnésio e a vitamina C”, explica.


Vegetais escuros, como espinafre, couve e brócolis, além de peixe e derivados do leite, são fontes de calciferol importantes, mas seu consumo não elimina a dieta balanceada como parte essencial da saúde do organismo como um todo. Além disso, a nutricionista ressalta que ao contrário do que muita gente pensa, o sol por si só não é fonte de calciferol. “A exposição solar ativa a função hormonal da vitamina D e é essencial para a atividade do nutriente, que deve ser consumido normalmente pela ingestão de alimentos.”


O resultado da pesquisa do Hospital for Special Surgery aponta uma direção para otimizar o tratamento da osteoporose, mas não significa uma saída imediata. Especialistas não recomendam a ingestão de vitamina D em quantidades desreguladas. Weldson Muniz, ortopedista e professor da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília (UnB), alerta para os perigos da hipervitaminose.


“Na medicina ocorre muito isso: você arruma uma coisa e bagunça a outra. Sem dúvida, a vitamina D é importante para a saúde dos ossos, mas em doses exageradas pode acarretar problemas”, pondera. Seu excesso resulta em calcificação de tecidos moles, náuseas, pressão alta, perda de apetite.insuficiência renal, fraqueza muscular e dores nas articulações.


Dados preocupantes


Depois dos 50 anos, uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens apresentarão uma fratura relacionada à osteoporose. Isso significa que cerca de 75% das fraturas de quadril nessa idade acontecem nas mulheres e 25%, nos homens. Numa mulher branca, a escala de risco para uma fratura de fêmur é de uma em seis, e para o diagnóstico de câncer de mama é de um em nove. Uma mulher de 50 anos de idade tem 2,8% de risco de morrer em consequência de complicações de uma fratura de fêmur. Esse risco é equivalente ao de morrer por câncer de mama e quatro vezes maior que o de morrer por câncer de endométrio.

Fonte:
Estado de Minas

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