Denúncias de violência contra idosos aumentam no Brasil

Mulheres são maioria das vítimas. Enfermeiras da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) delinearam, em artigo científico, o mapa da violência contra idosos

17.06.2024

Sete em cada dez vítimas são mulheres (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Os registros de violência contra idosos têm aumentado no Brasil. Entre 2020 a 2023, foram 408.395 mil notificações. O crescimento em 2023 foi de 50 mil denúncias, em comparação a 2022. Os dados são parte de artigo publicado pelas enfermeiras Alessandra Camacho, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Célia Pereira Caldas, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e seus respectivos grupos de pesquisa, apresentando o perfil da violência e as implicações bioéticas de questões como a autonomia e vulnerabilidade.

Sete em cada dez vítimas são mulheres. No Rio de Janeiro, a Ouvidoria do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) registrou, entre janeiro de 2020 e junho de 2024, que as denúncias de agressões contra idosos atingiram 13.927 vítimas. Os principais tipos de violência identificados foram negligência, seguida de violência psicológica e abuso financeiro.

Desigualdades de gênero e a feminilização do envelhecimento explicam a discrepância. A expectativa de vida do homem brasileiro é de 72 anos e para as mulheres chega a 79 anos, segundo dados do IBGE. A mulheres representam 55,7% dos idosos brasileiros e os homens 44,3%. A diferença aumenta após os 80 anos. É justamente essa a faixa etária que registra maior percentual de violência contra idosos.  A raça das vítimas foi, em sua maioria, identificada como branca, com prevalência de baixa escolaridade (ensino fundamental incompleto) e baixa renda (um salário-mínimo).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu junho como mês da conscientização da violência contra a pessoa idosa, em busca de dar visibilidade à causa. “A implementação de estratégias para reduzir os impactos da violência contra pessoas idosas deve incluir uma análise que ofereça suporte às famílias, incentivando práticas sociais que facilitem o acesso às políticas públicas em suas diversas esferas”, afirmam as pesquisadoras.

Metodologia – A pesquisa analisou as denúncias de violência contra idosos, a partir de diretrizes do  Strengthening  the  Reporting  of Observational Studies in Epidemiology (STROBE). Foram utilizados dados do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, referentes ao período de 2020 a 2023, e do Painel  de  Dados  da  Ouvidoria  Nacional  de  Direitos Humanos. 

Onde buscar orientação ou denunciar violência

  • Unidades Básicas de Saúde
  • Delegacias
  • Disque 100 (Direitos Humanos)
  • 190: Policia Militar (para situações de risco eminente)
  • Ministério Público

Fonte: Ascom/Cofen

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