Mestrado Cofen/Capes: Software facilita operacionalização de processo de Enfermagem em UTIs

SoPE: Pacientes Críticos é fruto da pesquisa do enfermeiro Francisco Mateus da Silva durante o mestrado profissional

28.08.2024

Francisco e as professoras Elaine Cruz (orientadora) e Luciana Kalinke 

O trabalho em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) foi a inspiração do software para operacionalização do processo de Enfermagem desenvolvido pelo enfermeiro Francisco Mateus da Silva, de Rondônia, durante mestrado profissional. O SoPE:  Pacientes Críticos é resultado da pesquisa no mestrado fora de sede da Universidade Federal do Paraná (UFPR), financiado pelo acordo de cooperação técnica entre Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC).

“Minha atividade profissional começou como residente em programa multiprofissional em Saúde do Adulto. Vivenciei diversas realidades nas Unidades de Terapia Intensiva. Percebi que essas UTIs tinham vários pontos em comum, e um deles era a fragmentação do processo de Enfermagem. O processo de Enfermagem deveria ser implementado na integralidade, em suas cinco etapas, mas eu via que algumas etapas aconteciam, outras não”, conta enfermeiro, servidor da Secretaria Estadual de Saúde de Rondônia.

“O mestrado foi muito importante para eu conseguir desenvolver um produto tecnológico para resolver ou aprimorar esse problema. Entrei com uma ideia em mente, e isso foi sendo amadurecido ao longo do curso”, afirma Francisco Silva. O software facilita a operacionalização do processo de Enfermagem em UTIs, conforme preconiza a Resolução Cofen 736/2024.

Processo de Enfermagem

Baseado na teoria de Wanda Horta, das necessidades humanas básicas, o software utiliza o método SOAP [Subjetivo, Objetivo, Avaliação e Plano] e linguagens padronizadas da Enfermagem. “O SOAP é muito utilizado na Atenção Primária, mas é aplicável também a pacientes críticos”, avalia o enfermeiro.

“O software permite interligações entre NANDA, NIC, NOC [linguagens padronizadas da Enfermagem]. O enfermeiro pode realizar diagnóstico de Enfermagem, resultados esperados e intervir com as melhores atividades de Enfermagem, de acordo com o diagnóstico e o resultado que ele quer alcançar”, detalha. O acesso se dá por meio de cadastro e login do usuário, seguido do cadastro e dados do paciente. O enfermeiro tem à disposição, para a seleção, 52 diagnósticos, 52 intervenções, 52 resultados esperados e 411 atividades específicas.

Perspectivas de uso

“Durante a fase de pesquisa, no mestrado, implementamos o software com enfermeiros voluntários em Rondônia. Obtivemos bons resultados relacionados à usabilidade. Isso nos motivou bastante. Nosso desafio, agora, é disponibilizar o software. Durante a implementação e avaliação, o custeio foi feito com a verba de fomento e agora temos buscados alternativas de financiamento porque software tem um custo de hospedagem, que aumenta conforme o número de utilizações”, explica o enfermeiro.

Novo Profen 

O Cofen e a Capes/MEC formalizaram, neste mês, novo Acordo de Cooperação Técnica para lançar o maior programa de financiamento de mestrado e doutorado profissional em Enfermagem do país. Entre as novidades, estão a inclusão de vagas para doutorado profissional em Enfermagem, a destinação de verba de capital para aquisição de softwares de análise de dados, notebooks e outras demandas dos alunos, conforme as normas da Capes/MEC, além da criação de vagas de mestrado para enfermeiros atuantes em regiões de fronteira (Mercosul) e a atualização dos valores das verbas de custeio por aluno.

O Profen prevê a formação, ao longo de cinco anos, de 420 enfermeiros mestres e 80 enfermeiros doutores em Enfermagem. O programa financia a criação de vagas em universidades e está voltado para profissionais com vínculo empregatício na rede de saúde pública municipal, estadual, federal, além de instituições privadas e filantrópicas que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS).

“Nosso objetivo é mitigar a lacuna entre a mão de obra qualificada e as demandas da Saúde Coletiva, promovendo o fortalecimento do SUS”, afirma o presidente do Cofen, Manoel Neri. Uma das preocupações do Cofen é garantir a descentralização territorial na formação, fomentando programas em regiões onde não havia oferta, como a Amazônia Legal, considerada prioritária.  O primeiro acordo entre Cofen e Capes/MEC já formou 486 mestres que atuam direta ou indiretamente no SUS.

Fonte: Ascom/Cofen - Clara Fagundes

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