Secretaria de Vigilância em Saúde divulga dados sobre doença renal crônica no Brasil

Entre 2019 e 2023, o número de atendimentos para a doença na Atenção Primária à Saúde foi maior entre homens (305.632) do que entre mulheres (275.170)

26.09.2024

Imagem: Boletim Epidemiológico

O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, publicou recentemente, o Boletim Epidemiológico que apresenta o cenário da Doença Renal Crônica (DRC) no Brasil entre os anos de 2010 e 2023. A DRC, uma condição grave e muitas vezes silenciosa, tem afetado cada vez mais brasileiros, especialmente os idosos e pessoas com comorbidades, como hipertensão e diabetes.

Entre 2019 e 2023, o número de atendimentos para a doença na Atenção Primária à Saúde (APS) foi maior entre homens (305.632) do que entre mulheres (275.170). A maior parte dos atendimentos concentrou-se nas faixas etárias de 50 a 79 anos, representando 68,3% do total em 2023. Esses dados indicam que pessoas de meia-idade e idosos, especialmente homens, são os mais afetados pela DRC, o que destaca a necessidade de prevenção e diagnóstico precoce nesses grupos.

Em março de 2024, conforme informações do Sistema de Informações da Atenção Básica (Sisab), de um total de 180.510.202 pessoas cadastradas na APS, 227.478 apresentavam sinalização de DRC (CID-10: N18, N18.0, N18.8 e N18.9). Isso representa 0,1% do total da população cadastrada. Embora pareça um percentual pequeno, a gravidade e o impacto da doença, especialmente nos estágios avançados, chamam a atenção das autoridades de saúde.

O Boletim indica que o número de óbitos variou entre 2010 e 2022, destacando o ano de 2019, que registrou 8.442 óbitos. As maiores taxas de mortalidade foram observadas na faixa etária de 60 a 69 anos, com uma taxa de 9,5 óbitos por 100 mil habitantes em 2010, subindo para 9,6 em 2022, com picos de 10,8 em 2018 e 10,6 em 2019. O relatório mostra também a diferença entre os sexos, os homens apresentaram taxas de mortalidade mais elevadas, passando de 3,4 óbitos por 100 mil habitantes em 2010 para 4,7 em 2022, enquanto as mulheres registraram 2,4 óbitos por 100 mil habitantes em 2010, aumentando para 3,2 em 2022.

Imagem: Boletim Epidemiológico

Referente ao transplante renal no Brasil, os dados conforme apresentados no Boletim, mostram um aumento gradual no número de transplantes de rim realizados entre 2010 e 2023, atingindo o pico em 2019, com 5.444 procedimentos. Contudo, os números caíram nos anos subsequentes, especialmente devido à pandemia de covid-19, que afetou a realização de cirurgias e outros procedimentos cirúrgicos. Em 2023, os transplantes voltaram a subir, totalizando 5.154. A análise regional revela disparidades no acesso ao transplante, com a maior parte dos procedimentos concentrados nas regiões Sudeste e Sul, enquanto regiões como o Norte apresentam números mais baixos.

A DRC é mais comum em pessoas com hipertensão e diabetes, doenças que afetam diretamente a função renal. O envelhecimento também é um fator de risco, sendo a população acima de 60 anos a mais afetada. A maioria dos casos é diagnosticada em estágios mais avançados, dificultando o tratamento. Por isso, instituições de saúde ressalta a importância de exames regulares e hábitos saudáveis, como uma dieta balanceada, prática de exercícios físicos e o controle da pressão arterial e dos níveis de glicose no sangue.

Imagem: Boletim Epidemiológico

O tratamento quando não diagnosticado precocemente, pode evoluir para a necessidade de diálise ou transplante renal, procedimentos altamente invasivos e caros. Em 2023, foram realizadas mais de 140 mil internações relacionadas à doença, um aumento expressivo desde 2010, quando esse número era de 84 mil. 

A APS é a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) e desempenha um papel crucial na coordenação do cuidado e na ordenação das ações e serviços disponibilizados na rede. Diante disso, é essencial que a APS realize ações de promoção da saúde, prevenção e diagnóstico precoce de pessoas suscetíveis e acometidas por DRC, sob a perspectiva do cuidado integral à saúde.

Os profissionais de Enfermagem têm um papel central no cuidado às pessoas com Doença Renal Crônica. Na APS, são responsáveis por acompanhar os pacientes de forma contínua, realizando triagens iniciais, monitorando os fatores de risco e orientando sobre a importância do controle das doenças associadas, como hipertensão e diabetes. Além disso, estão na linha de frente para identificar sinais precoces da doença e garantir que os pacientes recebam o tratamento adequado.

Fonte: Ascom/Cofen

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