OPAS destaca crise de saúde mental pela COVID-19

A pandemia trouxe impactos negativos para a saúde mental das populações nas Américas

17.12.2021

  Quais foram os reflexos da Pandemia da Covid-19 na saúde mental das populações nas Américas?  A Organização Pan Americana de Saúde (Opas/OMS) acaba de publicar o estudo “Strengthening mental health responses to COVID-19 in the Americas: A health policy analysis and recommendations” que traz dados importantes para os próximos anos.

O texto, disponível na revista “The Lancet Regional Health – Américas” informa que as taxas de depressão e ansiedade aumentaram significativamente entre mulheres, jovens, profissionais de saúde, vulneráveis, pessoas com saúde mental pré-existentes e ainda a população de baixa renda.  A recomendação é de que os serviços sejam reforçados e priorizados nos planos de resposta e recuperação atuais.

Os trabalhadores da saúde e da linha de frente foram muito prejudicados com o enfrentamento das altas demandas de trabalho, preconceitos e falta de informação. Em maio de 2021, o número de profissionais de saúde infectados com COVID-19 na América Latina e no Caribe ultrapassou 1,8 milhão, enquanto 9.000 morreram do vírus. No Brasil foram 59.386 profissionais de Enfermagem infectados durante a pandemia, com 871 casos de óbito. (Observatório da Enfermagem – Conselho Federal de Enfermagem).

Uma vez que os serviços de saúde mental foram prejudicados, quatro em cada 10 brasileiros desenvolveram ansiedade. No Peru, os sintomas de depressão aumentaram cinco vezes entre a população. Entre os canadenses, a ansiedade quadruplicou após o início da pandemia.

A publicação alerta: “É preciso fortalecer as respostas de saúde mental ao COVID-19 com apoio psicossocial. Além de alcançar todos os níveis das populações para a reconstrução de melhores sistemas de saúde mental no futuro,” descreve.

Parte dos pacientes das Américas que conseguiram se recuperar do coronavírus obtiveram, como consequência da doença, distúrbios psicológicos e neurológicos. “Os dados colhidos descrevem que um terço de curados do Sars-cov-2 foram diagnosticadas com transtorno neurológico ou mental”, comentou a autora do artigo, Amy Tausch. “Esperamos que o aumento da carga de saúde mental seja um dos efeitos da COVID-19 a longo prazo,” prevê Tausch.

 Em um momento onde cuidados e tratamento são mais necessários, a publicação aponta interrupções contínuas em serviços essenciais para transtornos mentais. Um estudo para o Fórum Econômico Mundial relatou que no primeiro ano da pandemia, uma média de 45% dos adultos de 30 países pesquisados ??relataram piora na saúde emocional e mental. Entrevistados da Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Peru e Estados Unidos desenvolveram os maiores números de piora na saúde mental do que a média global.

A Região das Américas da OMS compreende 51 países e territórios, abrangendo a América do Norte, América Central e do Sul, e as sub-regiões do Caribe, com uma população de quase um bilhão. Esta região tem sido a área mais afetada pela COVID-19 em termos de casos cumulativos e mortes, com 39% de todos os casos e 46% das mortes globais, no final de setembro de 2021.

 Enfermagem Solidária – Para amenizar o sofrimento emocional dos profissionais de Enfermagem que atuaram na linha de frente da covid–19 no Brasil, o Programa Enfermagem Solidária, do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), obteve êxito ao longo de 1 ano e oito meses de pandemia. O atendimento feito por chat, chegou a receber cerca de 130 profissionais por dia. A grande maioria dos profissionais que procuraram atendimento eram mulheres (85,84%). A categoria que mais acessou o serviço foi de técnicos de Enfermagem (51,20%); enfermeiros (39,65%) e auxiliares de Enfermagem (8,06%).

“Foram situações delicadas. A questão da falta de oxigênio no Amazonas, por exemplo, todo o desespero que nossos colegas enfrentaram, nós sofremos juntos. Recebemos depoimentos desesperados pela situação. Saímos mais fortes juntos”, explica a responsável pelo programa, a coordenadora da Comissão de Saúde Mental do Cofen, Dorisdaia Humerez. Segundo ela, os assuntos mais recorrentes eram sobre a falta de EPIs, exaustão pelo volume de trabalho, medo do risco de infectar familiares, assédio moral por parte das chefias, discriminação por parte da população (vizinhos e conhecidos), entre outros.

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